Má gestão faz clubes sofrerem com ações trabalhistas
   19 de maio de 2021   │     6:00  │  0

Parte dos orçamentos está comprometida com pagamento salários atrasados, férias, impostos não recolhidos e até adicional noturno.

O roteiro costuma ser conhecido. Dirigente de futebol contrata jogador por cifras que não cabem no orçamento e tempos depois o vínculo é rescindido. No segundo ato, o caso normalmente vai parar na Justiça e o desfecho não surpreende ninguém: ações trabalhistas que se proliferam em gestões futuras e, assim, acabam por comprometer ainda mais a já combalida saúde financeira dos clubes.

Vários aspectos podem ser detectados nessas contratações que acabam por lesar os cofres dos clubes. Geralmente, os débitos são referentes à falta de pagamento de salários, direitos de imagem, férias e impostos não recolhidos e até adicional noturno. A má gestão e irresponsabilidade administrativa são alguns dos fatores apontados por advogados especializados em Direito Esportivo. Dirigentes, empresários e ex-atletas também foram ouvidos pelo Estadão sobre essa prática muito usual no futebol brasileiro.

Vários aspectos podem ser detectados nessas contratações que acabam por lesar os cofres dos clubes. Geralmente, os débitos são referentes à falta de pagamento de salários, direitos de imagem, férias e impostos não recolhidos e até adicional noturno. A má gestão e irresponsabilidade administrativa são alguns dos fatores apontados por advogados especializados em Direito Esportivo. Dirigentes, empresários e ex-atletas também foram ouvidos pelo Estadão sobre essa prática muito usual no futebol brasileiro.

Um dos casos mais recentes ocorreu no início do mês com o Santos. O time da Vila Belmiro sofreu um revés nos tribunais e foi condenado pela Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF a desembolsar pouco mais de R$ 6 milhões ao meio-campista Bryan Ruiz. Em pouco mais de dois anos de clube, o atleta fez 12 jogos e não marcou nenhum gol. Fora dos planos do técnico Jorge Sampaoli, o jogador buscou uma rescisão amigável no ano passado, mas não houve acordo. A tendência agora é de que uma nova reunião aconteça para buscar um parcelamento da pendência.

O Estadão divulgou estudo que mostra a situação preocupante dos principais clubes do Brasil. De acordo com os dados analisados pela consultoria Sports Value, a dívida total dos principais clubes do País superou os R$ 10 bilhões.

Só o Atlético-MG, por exemplo, tem uma dívida acumulada de R$ 1,2 bilhão. E uma fatia importante desse déficit tem as ações trabalhistas como componente.

Na esfera judicial ou esportiva as dívidas sofrem ajustes, tanto na taxa de juros quanto na correção monetária, explicou Carlezzo. “A taxa de juros de 1% ao mês é largamente aplicada, mais IPCA ou IGP-M, dependendo da situação e da natureza da dívida. Em 2020 o IGP-M teve alta de 23,14%. É muita coisa. Os débitos ficaram muito caros e tornaram-se impagáveis. Os clubes gastam demais e não geram receita suficiente”, concluiu.

Já para Pedro Trengrouse, advogado especialista em gestão esportiva da Fundação Getúlio Vargas, a tentativa de mudar esse panorama é acabar com as gestões amadoras no futebol. “A solução é obrigar clubes de futebol profissional a se transformarem em empresas, como aconteceu na Europa. Assim o dono é responsável. Se não pagar, vai à falência.”

Blog com informações do Estadão Conteúdo