Bomba na CBF: Crise interna ameaça derrubar Rogério Caboclo da presidência
   13 de maio de 2021   │     10:00  │  0

Rogério Caboclo vive momento delicado à frente da CBF — Foto: CBF

Rogério Caboclo vive momento delicado à frente da CBF — (Foto: CBF)

Dirigente atravessa momento delicado desde afastamento de funcionária há três semanas; Castellar Neto é visto como possível sucessor.

A CBF atravessa uma crise grave há pelo menos três semanas, quando uma funcionária da entidade se licenciou por motivo de saúde. Pessoas com conhecimento da situação afirmam que ela tem provas de desvios de comportamento do presidente Rogério Caboclo, que corre risco de ter seu mandato interrompido.

A ameaça à conclusão do mandato de Caboclo foi publicada inicialmente nesta quarta-feira pela ESPN. O ge procurou formalmente a CBF no último domingo para comentar o caso. As respostas às perguntas feitas pela reportagem seriam inicialmente dadas na segunda-feira, mas a confederação adiou o envio primeiro para terça-feira, depois para esta quarta. Até a publicação desta reportagem, a CBF não respondeu.

O ge ouviu críticas à conduta de Rogério Caboclo por parte de presidentes de clubes, presidentes de federações estaduais e de dirigentes da própria CBF, além de outras pessoas com acesso frequente à cúpula da entidade. A postura do presidente da CBF é descrita por seus próprios interlocutores como “errática” e “inapropriada para o cargo”.

A quem pede um exemplo prático, essas pessoas citam uma reunião realizada no dia 10 de março com presidentes de clubes. No encontro, realizado de maneira virtual para discutir a continuidade dos jogos de futebol em meio à pandemia, Caboclo se exaltou, bateu na mesa e usou um palavrão para pressionar os clubes: “Vocês estão fodidos se não tiver [campeonatos]”.

De acordo com diversos relatos feitos à reportagem, uma conduta mais grave teria provocado o pedido de afastamento, há cerca de três semanas, de uma funcionária que lidava diretamente com Caboclo na CBF. A licença teria sido solicitada por problemas de saúde. Desde então, ela está incomunicável.
Na mesma semana do afastamento da funcionária, o próprio Caboclo também se afastou da CBF. Oficialmente se tratou de uma semana de férias, previamente programadas. Mas diversas fontes ouvidas pela reportagem, de dentro e de fora da confederação, afirmam que a saída de cena foi abrupta.
No dia 4 de maio, uma terça-feira, Rogério Caboclo voltou a trabalhar presencialmente no prédio da entidade, na Barra da Tijuca. Seria um esforço, segundo interlocutores do próprio presidente, para demonstrar aos funcionários da CBF que a situação estaria sob controle. Um dia depois, o site da CBF publicou uma nota sobre a visita do técnico do Vasco, Marcelo Cabo, à entidade.

Nas últimas semanas, tanto Teixeira quanto Marco Polo Del Nero passaram a discutir a sucessão de Rogério Caboclo. O nome que aparece com mais força nessas articulações é o de Castellar Modesto Guimarães Neto, um dos oito vice-presidentes da CBF e ex-presidente da Federação Mineira de Futebol.

O estatuto da CBF prevê que em caso de vacância do cargo de presidente, seu vice mais velho deve assumir e convocar uma nova eleição dentro do prazo de trinta dias. Dessa eleição só podem participar os vice-presidentes. O eleito comandaria a CBF até o fim do mandato atual, que termina em abril de 2023.

Ou seja, caso Caboclo deixe o cargo, Antonio Carlos Nunes teria que convocar uma eleição entre Antônio Aquino (Acre), Ednaldo Rodrigues (Bahia), Castellar Guimarães (Minas Gerais), Fernando Sarney (Maranhão), Francisco Noveletto (Rio Grande do Sul), Marcus Vicente (Espírito Santo) e Gustavo Feijó (Alagoas), além do próprio Nunes.