Nocaute do milhão
   5 de maio de 2021   │     21:00  │  0

Natan Schulte e o cheque de US$ 1 milhão de dólares na PFL 2019 — Foto: Divulgação

Natan Schulte e o cheque de US$ 1 milhão de dólares na PFL 2019 – (Foto: Divulgação)

Dificuldade fez brasileiros quase desistirem do MMA. Prêmio milionário da PFL é a chance de mudar de vida.

Natan Schulte vivia um dilema depois de voltar de um período de três meses trabalhando em Boston, no Estados Unidos. Morando na Flórida, o brasileiro cogitava largar o MMA para seguir como pintor. O bico que havia conseguido lhe dava uma renda de US$ 3 mil. Era mais que suficiente para manter um estilo de vida tranquilo em terras estadunidenses.

Ele ainda tinha contrato com a hoje extinta WSOF, mas não criava expectativas após perder para Islam Mamedov em 2017. Só que a WSOF virou PFL (Professional Fighters League) e criou um torneio diferente para 2018: um mata-mata parecido com os do futebol e um atrativo de US$ 1 milhão para o campeão de cada divisão.

Natan não estava entre os tops. Pouca gente sabia quem ele era, mesmo treinando na renomada American Top Team. Mas o contrato estava em vigor, e a PFL precisava de 12 atletas para completar o chaveamento. Natan foi chamado.

Como nos roteiros dos filmes de luta, ele saiu de azarão para campeão. Superou cinco adversários em seis meses e recebeu o cheque de US$ 1 milhão. No ano seguinte, Natan engatou mais uma sequência vitoriosa e levou para casa seu segundo milhão. Os dias de pintor ficaram para trás.

Depois de um hiato de um ano por causa da pandemia, a PFL começou seu quarto “torneio do milhão”, em uma bolha na cidade de Atlantic City (EUA). Serão 14 brasileiros buscando o sonhado prêmio em seis divisões. Enquanto para uns o título vale mais que dinheiro, para outros é a chance de ser o Natan Schulte da vez.

A mudança

Natan sentiu essa mudança desejada por Larissa quando venceu o torneio da PFL pela primeira vez. As bolsas de R$ 1 mil que ele tirava em eventos no Brasil se transformaram em uma bolada de US$ 1 milhão na PFL. Tanto dinheiro permitiu uma extravagância que a infância não deu oportunidade.

Uma das primeiras coisas que Natan fez ao receber a grana foi comprar funkos pops, aqueles bonecos cabeçudos colecionáveis. “Eu tinha um ou outro, mas aí gastei uns US$ 800 neles. Tenho um quarto só desses bonecos aqui em casa”.

Essa foi a grande extravagância feita por Natan com o dinheiro. “Nunca comprei uma Ferrari ou coisa do tipo”. Ele estima ter ficado com 65% do milhão depois de pagar a academia onde treina, seu empresário e os impostos. Com o restante, comprou um carro e um apartamento na Flórida, nos Estados Unidos. Pouco tempo depois, adquiriu outra casa.

“Esse dinheiro me deu a independência financeira que eu precisava para só treinar e lutar. Eu nunca tinha ganhado dinheiro lutando, porque os eventos menores não pagam muito bem. A minha primeira bolsa boa foi na PFL, que me pagou US$ 16 mil na primeira luta que fiz em 2018. Foi dali para frente que tudo mudou”.

Natan já estava mais estruturado quando o segundo milhão chegou. “Consegui investir, fiz um plano de aposentadoria e tudo mais”. No caminho para o terceiro, ele sabe que será o alvo principal dos aspirantes a milionários da categoria dos leves.

“O campeão sempre vai ser o cara mais visto, vai ter um alvo nas costas, mas eu continuei treinando, tirei esse um ano sem evento para aproveitar para melhorar tudo que eu podia. Então vai ser um ano bom, que eu vou vir com bastante armas novas”.

Blog com UOL Esporte