Análise: desacerto com Hulk é mais um dos vários problemas que Cuca tem a resolver no Atlético-MG
   26 de abril de 2021   │     12:00  │  0

Hulk em ação no Athletic x Atlético-MG — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG

Hulk em ação no Athletic x Atlético-MG — (Foto: Pedro Souza/Atlético-MG)

Com titulares ou reservas, time segue sem convencer sob comando do treinador; debate público, via imprensa, entre o reforço mais badalado do ano e técnico, não faz bem ao ambiente.

O Atlético-MG fez, no sábado, o oitavo jogo sob comando de Cuca. Dessa vez, com um time completamente reserva, poupando titulares para a Libertadores, bateu o Athletic por 1 a 0, no Independência.

Venceu, mas não convenceu. A falta de desempenho, inclusive, tem se repetido. Com reservas ou titulares, o time não tem produzido. E, como se não bastasse os problemas técnicos e táticos, o sábado escancarou um problema de ambiente.

Na saída de campo, Hulk reclamou publicamente, em entrevista ao Premiere, sobre falta de confiança e de sequência de jogos. Citou Cuca nominalmente e disse que fica difícil render sem minutos para desenvolver seu futebol, especialmente considerando que retornou ao Brasil há pouco tempo. Cuca, na coletiva, respondeu em tom mais ameno, mas deu o recado ao dizer que, para dar sequência a qualquer jogador, precisa de “respaldo”.

Independentemente de quem está certo, fica claro que há, no mínimo, um ruído, um incômodo entre o reforço mais badalado do Atlético no ano (jogador de Copa do Mundo, que veio com um salário alto para os padrões brasileiros) e o treinador.

Segundo apurou o ge, inclusive, conversas sobre o aproveitamento de Hulk, entre o jogador e o comandante, em tom de insatisfação, já vinham acontecendo nas últimas semanas. Não foi a primeira vez. Mas foi a primeira vez exposta nos microfones, nas câmeras, ao vivo.

Não dá para dizer que isso é 100% natural e que não gera nenhum impacto no ambiente. Desgaste entre atleta e treinador acontece, sim, e já aconteceu com o próprio Cuca outras vezes, inclusive no próprio Atlético, na primeira passagem. O técnico é experiente e tem vivência suficiente para superar. Mas, inegavelmente, é um problema a mais num Atlético que já tem, hoje, problemas demais.

Cuca, técnico do Atlético-MG — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG

Cuca, técnico do Atlético-MG — (Foto: Pedro Souza/Atlético-MG)

O time tem sido muito pobre taticamente. Pouca variação e, dentro do que se propõe a fazer, pouca eficiência. Algumas escolhas de atletas são questionáveis (Tchê Tchê “chegar titular” e Zaracho no banco, por exemplo). A transição defensiva é muito lenta. A ofensiva também. As combinações entre meio-campo e ataque são muito falhas. É possível citar vários outros problemas. Agora, mais esse: uma das estrelas do elenco revelou insatisfação com seu aproveitamento pelo comandante.,

O jogo

Para não passar batido, uma rápida análise sobre Athetic 0 x 1 Atlético. Muito boa partida de Igor Rabello, que já merece, no mínimo, ameaçar a titularidade de Réver, que foi mal na Venezuela. Outro bom jogo de Dodô, que está no banco simplesmente por disputar posição com o melhor lateral do país em 2020: Guilherme Arana.

Na direita, Mariano teve bons e maus momentos, mas marcou o gol da vitória. O meio-campo não funcionou. Na frente, Sávio e Marrony tiveram lampejos.

Hulk, o protagonista das manchetes de sábado, até se movimentou bem como centroavante, no primeiro tempo, mas ainda está, indiscutivelmente, muito longe de ser o jogador que pode ser. A reclamação para mais minutos em campo é justa? Cabe discussão. Mas os números são esses: desde a chegada a BH, são 572 minutos em campo (sem contar acréscimos) e um gol (de pênalti). Independentemente da sequência e de titularidade, Hulk pode mais.

Blog com  Guilherme Frossard/ge.globo/Belo Horizonte