Transmissões piratas afetam arrecadação de clubes no Campeonato Carioca
   31 de março de 2021   │     15:05  │  0

Em condições normais, Fluminense e Vasco, que se enfrentam na noite de ontem, às 21h35, em Volta Redonda, poderiam contar com o apelo do clássico para atrair seus torcedores para as plataformas de streaming, novidade na edição deste ano do Campeonato Estadual e fonte de receita para os clubes. Os dois, porém, e não só eles, têm sofrido no bolso com a proliferação de transmissões piratas dos jogos.

Nos primeiros 14 jogos da competição, foram derrubadas 1.045 exibições ilegais nos sites do Facebook e do Instagram, e outras 435 no Youtube.

O trabalho é de enxugar gelo, reconhecem os envolvidos, o que inclui a empresa responsável pela geração das imagens e a Federação de Futebol do Estado do Rio. Só no clássico entre Flamengo e Fluminense, 345 links ilegais foram derrubados. É como se quatro novas transmissões piratas caíssem a cada minuto do jogo.

O fenômeno está longe de ser novo, mas tem reflexos diferentes este ano. Em tempos de pandemia, com jogos sem a presença de público, queda de receita nos programas de sócio torcedor, e com o novo modelo de negócio de TV, os grandes do Rio passaram a depender mais do torcedor que não se rende à pirataria.

Se antes o clube vendia o direito de transmissão para terceiros e não precisava se preocupar se ele seria revendido ou pirateado, agora o torcedor que recorre à transmissão ilegal representa uma verba que deixa de entrar nos cofres do clube.

Para Bruno Maia, especialista em inovação e novos negócios na indústria do esporte e entretenimento, a pirataria seguirá forte enquanto o novo modelo de negócio não se estabelecer:

— Hoje, o consumidor precisa de diversas plataformas para acompanhar seu time. Todas relativamente caras. Em um contexto como esse, a resposta dele é simples: não pagar nenhuma. O que está acontecendo com o Carioca já acontecia com a Libertadores, com a Sul-Americana no ano passado. O fato de ser uma “TV do clube” não muda drasticamente o engajamento da maioria dos torcedores. Se o ecossistema é ruim, não importa o player. O consumidor vai olhar o bolso dele antes.