Casos de Covid crescem 100% na Ponte após viagens: “Receita perfeita para transmissão”
   21 de março de 2021   │     20:15  │  0

Yuri apresentou sintomas depois de ter viajado com o time de ônibus — Foto: Diego Almeida/PontePress

Yuri apresentou sintomas depois de ter viajado com o time de ônibus — (Foto: Diego Almeida/PontePress)

O surto de Covid-19 acomete a Ponte Preta desde a estreia no Campeonato Paulista, mas teve um amento de 100% nos casos depois de três jogos fora de casa, com viagens para enfrentar Corinthians (São Paulo), Gama (Luziânia) e Botafogo-SP (Ribeirão Preto).

O número dobrou de 16 para 32 pessoas afetadas no clube em menos de uma semana, por exemplo – sendo 12 de uma só vez.

Para a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, não trata-se de uma coincidência, e a explosão de casos entre os profissionais da Macaca indica que há falhas nos protocolos.

A situação que ocorreu na Ponte depois do jogo com o Botafogo-SP é emblemática, segundo ela. O lateral-esquerdo Yuri, então negativado e assintomático, apresentou sintomas apenas horas antes do jogo, já no sábado, depois de ter passado três horas no ônibus com a delegação na viagem para Ribeirão Preto. Ele foi isolado a partir das reclamações.

Os demais começaram a ter sintomas na volta para Campinas, no domingo. Depois de novos exames, o clube confirmou na última quinta-feira mais 12 profissionais contaminados, incluindo oito atletas e o técnico Fábio Moreno – antes do duelo com o Botafogo-SP, logo na sequência da partida contra o Gama, na quarta-feira anterior, quatro jogadores já tinham testado positivo.

– Com certeza, houve falha no protocolo de isolamento desses atletas. E deixa muito claro que, se logo depois do jogo aconteceu tudo isso, como, com essa nova variante, momentos em que fica um grupo de 20 ou 30 pessoas em um espaço fechado e sem ventilação natural é perigoso.

É a receita perfeita para a transmissão da Covid

— Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp

– As recomendações são muito claras e não mudaram durante esse um ano de pandemia: pessoas com sintomas respiratórios devem ser isoladas até que se confirme ou afaste que seja Covid. Isolados e sozinhos por dez dias desde o início dos sintomas. E todos os seus contatos próximos, ou seja, que ficaram 15 minutos próximos de você, também devem ser isolados individualmente por 14 dias e fazer o exame RT-PCR no quinto dia do contato. Todos que estavam no ônibus e que tiveram contato próximo já deveriam ter sido isolados logo no início, do seu convívio, do seu núcleo social do dia a dia, do seu alojamento ou dos familiares também. Houve, com certeza, quebra de protocolo, e isso favoreceu essa transmissão grande entre os colegas do clube – completou a especialista.

Em entrevista na quinta, o coordenador médico da Ponte, Felipe Abreu, disse ser “impossível” precisar onde aconteceu o contágio e afirmou que o clube segue “à risca os protocolos”. Diante do atual cenário, o clube adotou medidas ainda mais restritivas no dia a dia, como o veto a dirigentes nos treinos e o fechamento do Estádio Moisés Lucarelli.
Passo a passo

Dentro da cronologia, vale lembrar que dias antes de jogar contra Gama e Botafogo-SP, o time encarou o Corinthians, que atravessava um surto, com 14 desfalques por conta do coronavírus. Até então, a Macaca tinha tido um “hiato” nos casos.

Os primeiros casos entre jogadores apareceram às vésperas da estreia no Campeonato Paulista, quando os goleiros Ygor Vinhas e Guilherme, titular e reserva imediato, respectivamente, perderam o olfato e o paladar. Os testes deram negativos, mas, devido aos sintomas, eles foram afastados. Os dois dividiam o mesmo quarto na pré-temporada em Itu e também a mesa nas refeições.

No dia do jogo contra o Novorizontino, o volante Barreto, que tinha testado negativo no teste pré-jogo, teve dor de cabeça e acabou afastado. Ele foi positivar no exame seguinte, antes do duelo com o Santo André, pela segunda rodada, assim como o goleiro Pedrão, o zagueiro Rayan e o meia Camilo.

Depois de encarar o Santo André, a Ponte teve o Corinthians pela frente, sem baixas por Covid entre um jogo e outro em relação a atletas – nesse intervalo, quatro integrantes da comissão técnica testaram positivo. O jogo com o Timão foi em um domingo.

Todo o elenco também negativou para pegar o Gama, pela Copa do Brasil, na quarta-feira. Já na sexta-feira, o lateral-direito Apodi, o goleiro Luan, o volante Dawhan e o meia Renan Mota testaram positivo para coronavírus. O caso de Dawhan, aliás, trata-se de reinfecção, já que ele tinha tido Covid em dezembro, durante a Série B.

Na última leva, além de Yuri, foram contaminados os volantes Léo Naldi, Marcos Júnior e Igor Maduro, o lateral-esquerdo Jean Carlos, os zagueiros Thiago e Anderson e o meia-atacante Papa Faye. O técnico Fábio Maduro também estava na lista.
Ao todo, 18 jogadores da Ponte foram afetados pelo coronavírus desde o início da temporada.

Desses, continuam afastados das atividades os oito diagnosticados na relação acima.
Já Apodi, Dawhan, Renan Mota e Luan tinham a previsão de retornar neste domingo após o período de isolamento de pelo menos dez dias.

Blog com ge.globo