Jogadores do Fla comandam ações internas
   12 de janeiro de 2021   │     14:00  │  0

Não é de hoje que se escuta, da Gávea ao Ninho do Urubu, que os jogadores tomaram conta do Flamengo. A frase ilustra a lacuna de comando da diretoria rubro-negra, que fica às cegas para promover mudanças e também para avaliar o trabalho do treinador, hoje Rogério Ceni.

O contato da maioria dos dirigentes que cercam o presidente Rodolfo Landim com o dia a dia do futebol é insuficiente. Inclusive do mandatário, que esteve uns dias no Centro de Treinamento recentemente para se inteirar. O que causou estranheza entre os membros do futebol.

Além do vice de futebol Marcos Braz e do diretor Bruno Spindel, que vão ao Ninho quase todo dia, integrantes do Conselho do Futebol estão no CT de vez em quando. Mas a interferência nos processos que envolvem a comissão técnica e os jogadores não existe. E não é de hoje.

Marcos Braz, que conversa com atletas e comissão, tenta reverter o comportamento geral, mas também procura não ficar sem ambiente. Spindel, que é ótimo negociador, é visto também como distante dos atletas, sem visão do vestiário.

Os dirigentes que sequer frequentam o CT mas cobram o futebol, como os vice-presidentes Luiz Eduardo Baptista, o Bap, de relações externas, e membro do conselhinho, e Rodrigo Tostes, das finanças, ficam sabendo muito pouco do que se passa no dia a dia. A maioria só aparece em dia de jogo.

O cenário abre precedente cada vez maior para que o poder esteja com os atletas. Desde a saída do técnico Jorge Jesus, a chamada geração 85, formada por veteranos Diego Ribas, Filipe Luís, Diego Alves e até o começo do ano Rafinha, dava as cartas no Ninho. Agora sem o lateral, os grupos se dividiram mais.

Com Jesus, por exemplo, os líderes que solicitavam mudanças de horário de treinos para ficar com a família escutavam do Mister que ele não largaria o clube para ver os filhos em Portugal. Foi assim quando Diego pediu que a atividade da manhã passasse para a tarde para comemorar o aniversário do filho. Se o treino acabava e os atletas queriam cobrar faltas e treinar finalização, Jesus engrossava o discurso. “Virou treinador? Acabou, c…”.

Sem o português, tudo se afrouxou. Os atletas mais jovens, liderados por Gerson, percebem o cenário e a suposta hierarquia e seguem o trabalho sem questionar, mas o incômodo existe. Jogadores sem tanta identificação com o Flamengo, que chegaram recentemente, ou são próximos aos líderes, também demonstram certa acomodação.

Desde que chegou, Rogério Ceni se escorou no grupo mais velho e mais rodado. E estatisticamente favoreceu nas partidas os jogadores ligados a esta ala, como Renê, Arão, Gustavo Henrique, Léo Pereira e até Cesar. Dos reservas, apenas Pedro e Thiago Maia vinham de briga por posição com os titulares.

No geral, a impressão interna é que há pouco estímulo à concorrência, papel que caberia a Ceni. A base também foi quase esquecida. O técnico abre precedente para alguns pedidos dos líderes mais velhos e não adota tanta rigidez nas cobranças por horários. Apenas quando dá treinamentos e exige intensidade imprime mais energia, a mesma que não se vê nos jogos.

Blog com EXTRA