“Bem, Amigos” debateu o caso Gerson com Mano Menezes citado
   22 de dezembro de 2020   │     5:00  │  0

[Mano Menezes é demitido do Bahia; clube vai investigar caso de racismo]

Criticado pela falta de atenção ao não aceitar um cumprimento do colega Odair, ex-Flu, em pleno Maracanã, recentemente, Mano Menezes, acabou envolvido na caso de racismo contra Gerson, do Fla, segundo os analistas do SporTv. (Foto: Divulgação/ECB/Felipe Oliveira)

O programa “Bem, Amigos” debateu o caso do meia Gerson, do Flamengo, que acusou Ramirez, do Bahia, de racismo na partida entre as duas equipes no domingo, no Maracanã. Em meio à discussão, o comentarista Paulo Cesar Vasconcellos afirmou que o episódio foi um teste para que as pessoas mostrassem uma postura antirrascista.

PC criticou a postura de Mano Menezes, então técnico do Bahia, e ressaltou que são as ações que mostram verdadeiramente se uma pessoa é antirrascista.

– Em nenhum momento ele (Mano) chega e diz: “É, houve isso”. Sempre coloca na condicionante. Ninguém vai relatar episódio de injúria racial sem ter acontecido. É similar a uma mulher quando denuncia estupro. Ela não vai inventar estupro. O que tivemos foi aquele episódio em que todo mundo se diz não-racista. Mas aí vem o teste. A prova. E geralmente, na prova, o brasileiro é reprovado. Porque são nos atos, nas ações, nas palavras que você vai mostrar se você é um antirracista. Dizer é fácil, todo mundo diz há séculos. O Brasil tem essa ideia de que aqui foi uma democracia racial, e ainda em que para as novas gerações essa ideia não vai vigorar. O que vimos no Maracanã foi um episódio lamentável de uma semana tristíssima, porque no meio da semana, não nos esqueçamos, o menino Luiz Eduardo, de 11 anos, foi vítima de injúria racial. A prática do racismo está se tornando cada vez mais comum. A única diferença em relação a épocas anteriores é que a resposta está sendo muito ativa.

– Quando aquele que se diz não-racista tem a possibilidade de praticar o antirracismo, dificilmente ele é aprovado neste teste – disse PC Vasconcellos.

Outros debatedores, como Galvão Bueno, Cleber Machado e Paulo Vinicius Coelho, afirmaram que é preciso que seja definida uma punição esportiva – além da criminal – para casos assim. PC Vasconcellos fez uma ressalva: a sanção não pode ser elaborada apenas por homens brancos.

– É necessário que se defina um código de punição, mas ela não pode ser feita só pelos homens brancos. Eles não vivem o problema. O máximo que podem dizer é “sinto muito”. Não dá legitimidade. Tem que ser pessoas que tenham convivência para chegar e discutir a questão. Se trancar vários homens brancos num salão e eles decidirem sobre que punição faremos por injúria racial não vai funcionar. A estrutura de poder precisa ser mudada para que o povo negro tenha representatividade. Se não, vai ser mais do mesmo – completou PC Vasconcellos.

Blog com ge.globo