Endividados, clubes buscam soluções para aproveitar janela
   16 de outubro de 2020   │     11:30  │  0

Aberta desde terça-feira, a janela de transferências de atletas vindos do exterior para o Brasil não deve ser muito movimentada neste ano. A tendência é que, endividados, os clubes brasileiros pisem no freio e não façam contratações de impacto para não prejudicar o orçamento, já muito afetado pela pandemia de covid-19 em 2020.

A janela de contratações oriundas do futebol internacional estava prevista para ocorrer entre 1.º e 31 de julho de 2020, mas a data acabou alterada por conta da paralisação do calendário em razão da pandemia do coronavírus e, agora, ficará aberta até o dia 9 de novembro.

Além do prejuízo financeiro provocado pela paralisação dos campeonatos e pelos jogos sem torcedores nos estádios, há outros fatores que dificultam a tarefa dos times brasileiros de repatriar jogadores neste momento: o fato de haver poucos atletas sem contrato no exterior, a desvalorização do real diante do euro e do dólar e o desejo das equipes europeias de manter seus atletas pela impossibilidade reposição, já que a janela de transferências das principais ligas do continente europeu está fechada.

A lógica foi invertida neste ano. Antes, o mercado de aquisições na Europa sempre se encerrava depois do fechamento do período de registro de atletas contratados por times do Brasil de fora do território nacional, o que era um problema para agremiações do País, que não podiam repatriar atletas para repor a saída de nomes importantes. Agora, esse vácuo entre entradas e saídas ocorre com boa parte das equipes do “Velho Continente”.

“Hoje, um time brasileiro que quiser contratar algum jogador de fora provavelmente vai ter que trazer alguém que esteja encostado, sem jogar. O time do exterior não quer se desfazer de um atleta importante porque não tem como repor nesse momento. Ficou uma data de janela oportuna só para trazer jogador que não está sendo aproveitado”, salienta Marcelo Robalinho, fundador da Think Ball, empresa de gerenciamento de carreira de jogadores. Ele tem cerca de 60 clientes espalhados por 15 países diferentes.

Neste ano, com a dificuldade para garimpar bons jogadores sem contrato, é provável que não haja grandes nomes sendo repatriados de graça, como aconteceu em 2019 – no ano passado, Filipe Luís e Rafinha se transferiram para o Flamengo e Luiz Adriano para o Palmeiras.

Dos problemas citados, o endividamento segue sendo o maior empecilho para contratar. No caso do Sport, a dificuldade é ainda maior porque o clube sofreu um bloqueio da Fifa por conta de uma dívida referente à compra do atacante André do Sporting, em 2017, e está proibido de registrar novos atletas por enquanto. Mesmo que se livre desse obstáculo, o clube não tem condições para fazer grande aquisições.

Aposta na base

Sem dinheiro em caixa, parte considerável dos times brasileiros vem apostando nas categorias de base. O investimento nos jovens, no entanto, ainda não é tão expressivo. É o que aponta um relatório do Itaú BBA sobre o mercado do futebol. O estudo mostra que o mercado brasileiro movimentou mais de R$ 1 bilhão em contratações em 2019, enquanto o investimento para o desenvolvimento de novos talentos foi de R$ 243 milhões.

Blog com ESTADÃO Conteúdo