Narradores esportivos se adapatam para passar emoção
   13 de julho de 2020   │     13:00  │  0

Arivaldo Maia narrando na Copa da Alemanha (Foto: Arquivo/Arivaldo)

Os narradores esportivos do Rádio e TV, assim como os atletas, também precisam se adaptar com as mudanças ocorridas nas transmissões dos eventos após a pandemia do coronavírus. A falta de ritmo, a ausência do público e as novas formas de trabalho são alguns dos obstáculos a serem superados para que os profissionais levem emoção aos fãs do “novo futebol”.

Para Cesar Augusto, locutor da plataforma DAZN, a falta de público exige uma mudança no ritmo da narração. “Sem torcida, o futebol é um esporte novo para ser narrado. Este é o grande desafio do narrador. A voz é mais exigida neste sentido. É um ritmo novo de narração, não pode ter espaço em branco, que era preenchido anteriormente pelo grito de gol da torcida.”

Segundo o ex-repórter da TV Globo nos anos 90, “não temos mais o respiro da comemoração da torcida após um gol. Em um jogo do Boca Juniors não existe mais o caldeirão de La Bombonera”. “Eu narro futebol turco e a torcida é muito participante, mas não há mais isso”, disse o jornalista.

Fernando Nardini, da ESPN, se sentiu “meio engessado, com ferrugem” com o longo período fora dos microfones e aponta o trabalho em casa como uma das adaptações a serem feitas. “A dinâmica é diferente. Você mistura o seu dia a dia doméstico com o profissional. Trabalha onde tem também lazer e descanso. Interditei minha casa, mudei a rotina, não pode haver grande barulho. Fechei a porta e trabalhei, com camisa da TV e bermuda por baixo, pois só apareço da cintura para cima.”

Nardini também chama a atenção para a saúde mental neste período oscuro de confinamento. “O mais importante é controlar a cabeça e não pirar por conta do isolamento”, disse o narrador, um dos melhores do País quando o assunto é tênis.

No Fox Sports, Eder Reis é a “voz” das lutas e também narra os diversos campeões europeus do canal. Para ele, a parte técnica é outro obstáculo a ser superado. “Por fazer as transmissões de casa, eu tenho de entrar no ar muito antes do que quando o trabalho era feito na sede. É preciso uma boa conexão para entrar com o link da transmissão, além de modular o microfone”, disse o narrador.

Eder descreve como é feito seu trabalho. “Anoto todas as informações dos clubes e dos jogadores no papel, pois o computador é usado para receber as imagens. O celular também é um aliado na transmissão. Aí preciso acompanhar o jogo em uma tela de 15 polegadas, onde os lances não são tão detalhados.”

O futebol mundial está de volta e tenta superar a pandemia, assim como os profissionais que contam a história para cada torcedor dentro de casa. E eles estão renovados e prontos para gritar: “Gooooooooool”.

Blog com Terra Esportes