Conheça o técnico mais ofensivo do Mundo
   4 de abril de 2020   │     0:05  │  0

Logo no primeiro jogo do treinador, um verdadeiro show: futebol inspirado, festa da torcida, dribles e goleada por 5 a 0, com três gols antes dos 30 do primeiro tempo. Não é à toa que o comandante é conhecido como “o técnico mais ofensivo do mundo”.

Trata-se do tcheco Zdenek Zeman, comandante hoje com 72 anos e atualmente desempregado, que já foi chamado pela imprensa italiana de muitas coisas, desde “um gênio tático revolucionário” até “um completo lunático”.

Zeman nunca foi jogador de futebol. Nos final dos anos 60, foi à Itália visitar um tio que era atleta da Juventus e morava lá. Enquanto estava viajando, a União Soviética invadiu a então Tchecoslováquia para tentar barrar as reformas políticas que o secretário Alexander Dubcek tentava implementar. O garoto nunca mais voltou, e ficou morando para sempre na “Bota”. Casou-se com uma italiana, Chiara, teve dois filhos e ganhou cidadania italiana.

Amante e estudioso do futebol, começou sua carreira de treinador em 1974, na base do Palermo. Após alguns anos, assumiu seu primeiro time profissional: o minúsculo Licata, em 1983. Ficou três anos no clube, sendo campeão da Série C2 (a 4ª divisão) em 1984/85. Nos anos seguintes, teve passagens rápidas e de pouco sucesso pelos medianos Parma e Messina, sendo demitido de ambos.

Quando foi contratado em 1989 pelo Foggia, contudo, a Itália conheceu sua genialidade e sua loucura. Jogando num arrojado 4-3-3 extremamente ofensivo, com marcação pressão o tempo todo e linha de impedimento muito avançada, ele levou o time da 3ª para a 1ª divisão em três anos, sendo condecorado campeão da Série B em 1990/91.

Sua equipe jogava tão bonito que ficou conhecida como “o milagre de Foggia”.

Zeman, então, se lançou a voos maiores. Após deixar o Foggia, em 1994, comandou grandes times da Itália, como Lazio (1994 a 1997), Roma (1997 a 1999) e Napoli (2000), além do Fenerbahce, da Turquia, rapidamente entre 1999 e 2000.

Nesse tempo, montou equipes espetaculares, que se caracterizaram pelo jogo ofensivo e bonito, sempre fazendo muitos gols, mas também sendo vazadas diversas vezes. Não ganhou títulos, mas inspirou diversos treinadores e criou uma série de novas ideias no campo das táticas. Foi um revolucionário, em uma década dominada pelo 4-4-2 e pelo 4-5-1.

Nos anos 2000, o tcheco passou por diversos times implementando suas ideias “malucas”. Não conquistou troféus em nenhum até chegar ao Pescara, em 2011. Ao fim da temporada, venceu a Serie B 2011/12 e levou o time à elite, virando herói e ídolo.

No ano seguinte, voltou à Roma, montando um time “insano”, que tinha Francesco Totti como destaque e jogadores como Daniel Osvaldo, Nico López, Alessandro Florenzi, Mattia Destro, Miralem Pjanic, Michael Bradley e Erik Lamela, além de brasileiros como Marquinho (ex-Fluminense, hoje no Figueirense), Rodrigo Taddei (ex-Palmeiras), Leandro Castán (hoje no Vasco) e Marquinhos (hoje no Paris Saint-Germain).

O elenco se destacou pelo futebol bonito e pelos placares elásticos, acabando a Serie A com 71 gols pró (3º melhor ataque, atrás só de Napoli e Fiorentina) e 56 gols contra (pior que a do rebaixado Palermo, que levou 54). Apesar do jogo vistoso e de partidas espetaculares, o desequilíbrio foi evidente, e a Roma terminou apenas em 8º lugar.

Nos anos seguintes, Zeman teve duas passagens pelo Cagliari e uma pelo Lugano, da Suíça, do qual foi demitido em 2016. Após passar um bom tempo desempregado, voltou ao seu trono em Pescara, reestreando com uma impiedosa goleada por 5 a 0.

Sua passagem durou até março de 2018, quando foi demitido. O nome do tcheco, porém, voltou a aparecer na imprensa em janeiro de 2020, quando ele apareceu entre os cotados para comandar times da A-League, a liga de futebol da Austrália. A crise do coronavírus, porém, paralisou as conversas.

Blog com ESPN