Nadinho lembra do Bahia calando o Santos no Maraca
   31 de março de 2020   │     21:00  │  0

O Bahia foi ao Maracanã e calou o Santos de Pelé. É bem verdade que, naquele terceiro jogo da final da Taça Brasil de 1959, o Rei do futebol não esteve em campo. Ainda assim, ao voltar para Salvador com o primeiro título brasileiro da história, o Esquadrão de Aço foi recebido por uma festa apoteótica, em uma carreata que recebeu os jogadores no aeroporto e os acompanhou até a Praça Municipal, segundo o historiador Antônio Matos, autor do livro ‘Heróis de 59’. E hoje, 29 de março de 2020, completam-se 60 anos da histórica conquista do Tricolor.

Pelé não esteve presente no último jogo, mas apareceu nos outros dois. Na primeira partida, na Vila Belmiro, surpresa: triunfo do Bahia por 3 a 2. Ao chegar na Fonte Nova para a consagração do título, no entanto, o Esquadrão viu o Rei desfilar sua arte em campo, com dois gols, e perdeu por 2 a 0. Na época, o regulamento da Taça Brasil previa um terceiro jogo, que o final todos já conhecem: 3 a 1 para o Bahia, campeão de 1959.

Sessenta anos depois (a partida decisiva só ocorreu em 1960), apenas dois heróis que estiveram em campo naquela conquista permanecem vivos. O goleiro Nadinho, de 89 anos, e o zagueiro Henricão, 86. Além deles, Benedito Borges, vice-presidente do Bahia à época, de 97 anos. Apesar de pouco ou nada falarem nos dias atuais, e de estarem no grupo de risco da pandemia do coronavírus, deixaram o legado de suas histórias aos seus filhos, esposas e netos, que falaram com o ATARDE. As entrevistas foram feitas por telefone, devido às recomendações de isolamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O “excepcional” Nadinho

Nadinho atualmente vive em Itapuã, com sua esposa, Tereza. Como não gosta de telefone, foi rápido quando perguntado sobre a sensação de conquistar o título. “Para mim, que já era veterano no futebol, foi coisa normal”, e depois não quis mais falar.

Sua esposa, no entanto, lembrou do quão importante seu marido foi para o Bahia. “Eu, pessoalmente, acho que ele ajudou muito o Bahia na época. Ele não bebia, não perdia noite, às vezes não precisava se concentrar, porque era muito bem comportado. Muito atencioso ao time, jogava mais pelo amor. Às vezes ele diz que não, porque a cabeça não tá funcionando como antes”, conta ela.

Na Taça Brasil de 59, o “goleiro excepcional”, na visão de Antônio Matos, sofreu 18 gols em 15 partidas disputadas. Uma média de 1,2 gol por jogo, número excelente para a época, já que a média de gols da Taça Brasil foi de 2,86. A do Brasileirão de 2019, por exemplo, foi de 2,31.

Hoje, Nadinho vive com o salário da aposentadoria de professor de educação física, e conta com a ajuda financeira dos filhos. Com a crise da Covid-19, Nadinho e a esposa estão em isolamento. “O sentimento, agora, é de muita tristeza, ansiedade, mas de esperança ao mesmo tempo”, garante Tereza.

A esposa de Nadinho argumenta que o Bahia não oferece ajuda e não entra em contato com eles. Ela fala que o Tricolor parece ter “se esquecido de Nadinho”.

O clube, entretanto, desmente a informação, dizendo, inclusive, que o convidou para um evento em sua homenagem, mas ele não compareceu.

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