Mesmo abatido, Ricardo Teixeira mantém língua afiada
   17 de março de 2020   │     13:00  │  0

Ricardo Teixeira luta contra uma doença renal crônica, o que já lhe fez perder cerca de 40 quilos (Foto: Reprodução / CNN)

Em entrevista à CNN Brasil que foi ao ar na noite do último domingo (15), o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, (foto acima/Reprodução/CNN), mostrou que continua com a ponta da língua afiada – característica facilmente detectada por quem conviveu com ele nos 23 anos que dirigiu a confederação (1989 a 2012). O ex-dirigente foi banido do futebol pela Fifa em novembro do ano passado, sob acusação de ter recebido mais de R$ 30 milhões em propinas.

Esse dinheiro teria origem em contratos pela Libertadores, Copa América e Copa do Brasil. Teixeira sempre negou o desvio e tenta reverter a decisão na própria Fifa, no CAS (tribunal esportivo internacional) e na justiça suíça – país-sede da entidade máxima do futebol.

Na entrevista, negociada com a CNN por seu advogado Michel Assef Filho, Teixeira exibiu marcas de seu abatimento, agravado por uma doença renal crônica, e interrompeu a repórter pelo menos duas vezes para discordar da formulação de perguntas. Nesses momentos, usava uma de suas estratégias mais conhecidas no enfrentamento com a mídia – tentar intimidar o jornalista com uma reação enérgica, voz firme e olhar direto.

Foi a primeira vez que Teixeira recebeu uma equipe de reportagem em sua casa, no bairro do Itanhangá, no Rio. Num dos questionamentos, sobre os motivos de sua renúncia ao cargo em 2012, o ex-presidente não deixou a repórter concluir a pergunta. “Acho isso um desrespeito!”. Ela o indagava se a saída dele da CBF estava associada a denúncias de que estaria envolvido em escândalos de corrupção.

Teixeira foi um tanto quanto ríspido na resposta, embora nada convincente para quem acompanhava o dia a dia da CBF naquele período. Ele a rebateu, assegurando que só deixou a entidade por causa de problemas de saúde. A realidade, porém, não é bem assim. No início de 2012, o cenário político era o pior possível para Teixeira, que havia rompido com dois nomes de peso que lhe davam suporte: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o então presidente da Fifa, Joseph Blatter. No centro de acusações de que teria se beneficiado ilicitamente de negócios à frente da CBF, não lhe restou alternativa a não ser largar rapidamente a presidência da entidade.

Blog com Terra Esportes