Comercial argentino para Copa cutuca Putin e combate homofobia
   18 de maio de 2018   │     0:04  │  0

Já é uma tradição: a cada quatro anos, os publicitários argentinos não economizam na criatividade e também na acidez para produzir comerciais temáticos da Copa do Mundo. Restando pouco dias para o início do Mundial, a emissora esportiva TyC Sports causou controvérsia com uma peça publicitária que visa combater a homofobia, um problema recorrente no país anfitrião da Copa, e dá duras alfinetadas no presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ironicamente, a mensagem parece que não foi entendida como se pretendia, o canal foi acusado de reforçar preconceitos e acabou retirando o comercial do ar.

O vídeo da TyC exibe demonstrações de afeto entre torcedores e jogadores, como abraços, beijos e até a festa de atletas nus em um vestiário, com o ídolo Diego Maradona em destaque. A provocação a Putin é bastante direta: “Senhor presidente da Rússia, soubemos que seu país não admite manifestações de amor entre homens. Pois, estamos com problemas”, inicia o vídeo.

“Talvez para homens duros como o senhor, seja difícil entender alguns gestos de amor”, continua, com imagens do próprio Putin e de gestos de paixão dos homens argentinos por futebol. Por fim, diz ironicamente que “se para Putin o amor entre homens é uma doença, nós estamos muito doentes. E sabe o que mais? É contagioso”.

Enquanto muitos aplaudiram a mensagem da TyC Sports, outros tantos reprovaram o roteiro e o classificaram justamente como preconceituoso. A Fundação Huésped, dedicada ao tratamento de questões sexuais, considerou que o comercial “banaliza a gravíssima situação da população LGBT na Rússia e reproduz estereótipos que estigmatizam a população”.

Muitos internautas também acusaram o comercial de ser machista, por não incluir nenhuma manifestação entre mulheres, lembrando que lésbicas também sofrem forte repressão e, por vezes, tortura na Rússia.

O canal também foi criticado por um suposto jogo de palavras de mau gosto ao pronunciar o nome de “Putin” (como se fosse o diminutivo de “puto”, termo chulo para qualificar gays em espanhol) e por ter usado uma imagem em que o jogador Leo Ponzio, do River Plate, aparece com o calção sangrando (o jogador teve problemas de hemorroidas durante um jogo), quando o narrador diz que “não há nada mais emocionante que ver um homem romper-se todo por outros homens.”

Diante da repercussão, o canal retirou a publicidade do ar, mas ela ainda é encontrada facilmente nas redes sociais.

Blog com VEJA