Primeira campeã mundial do boxe brasileiro, Rose pede reconhecimento
   11 de março de 2018   │     0:01  │  0

Com as lubas apoiadas sobre as cordas do ringue e com a camisa de sua equipe, Rose Volante posa para foto da Folha após o treino
Rose Volante durante treino na academia de sua equipe, em Santos (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress)

 

Rose Volante foi campeã no final do ano passado na Argentina e vai defender o título em abril, em Santos.

Ela ganhou o título da categoria leve (até 61 kg) da OMB (Organização Mundial de Boxe) em dezembro ao derrotar a argentina Brenda Carvajal, em Jujuy (ARG).

Era a sua 12ª luta profissional de sua carreira invicta. Foi quando a ficha caiu sobre a diferença entre o prestígio de ser campeã de boxe no Brasil e na Argentina.

“Ela demorou 40 minutos para chegar ao vestiário do ginásio porque as pessoas queriam autógrafo e tirar fotografia. O público torceu pela argentina, mas depois a aplaudiu. Na rua, era parada por fãs que queriam conversar”, afirma Felipe Moledas, treinador de Rose.

Quando ela desembarcou no Brasil com o cinturão de campeã mundial, foi como se nada tivesse mudado.

“Fiquei bastante chateada porque não teve cobertura de TV. Quem quis assistir [à luta] teve de procurar na internet”, completa.

A próxima chance de ser reconhecida será em 21 de abril, quando vai defender pela primeira vez o título. A adversária será a panamenha Lourdes Borbua, 28, e a luta será em Santos (a 73 km de São Paulo), onde ela treina.

Brigar para ser notada hoje em dia não é nada diferente do que Rose se acostumou a viver desde que decidiu se dedicar ao esporte. Na primeira vez que entrou na academia-escola mantida pela Prefeitura em Pirituba (zona noroeste de São Paulo), perguntou se era ali que havia aula de boxe. O professor a olhou de cima a baixo.

“Você está vendo alguma mulher aqui?”

Rose não baixou a guarda.

“Então serei a primeira.”

Foi. Demorou para ganhar a confiança porque o técnico —que ela prefere não dizer o nome— não lhe deu qualquer atenção nos primeiros meses. Contava com a ajuda dos colegas do ginásio para conseguir treinar. Em um ano, perdeu 40 kg. Ao começar, estava com 105 kg.

Ao subir no ringue pela primeira vez como amadora, em competição chamada Virada Esportiva, sua vida mudou.

Blog com FOLHA DE SÃO PAULO