Longe dos gramados, ídolo do Santa Cruz recomeça a vida como porteiro
   6 de janeiro de 2018   │     0:02  │  0

Pantera atualmente trabalha como porteiro (Foto: Tiago Medeiros)

Pantera, ex-ídolo do Santa Cruz, atualmente trabalha como porteiro (Foto: Tiago Medeiros)

Alcir é um cara de sorte, não espera além das 7h para largar do serviço. O colega que lhe rende costuma sempre chegar antes do começo do expediente. É sempre assim, ele o atualiza dos acontecimentos, passa o que tem de ser feito e se despede: ‘’Valeu, meu artilheiro”.

Alcir não está agradando o companheiro, mas, sim, exaltando uma verdade. Debaixo daquela farda azul, está um dos grandes nomes revelados na história recente do Santa Cruz: Maurício Leandrino da Silva, que em campo recebeu um apelido que virou um sobrenome: Pantera. Das 7h às 19h quem dá as ordens na portaria do edifício Luar do Sítio é o ex-atacante coral.

Nascido e criado no Alto José Bonifácio, bairro com aproximadamente 13 mil habitantes, na Zona Norte do Recife, Maurício sempre teve duas paixões, o futebol e o Santa Cruz.

– Sou Tricolor e sempre ia ao Arruda com meu tio. Via Zé do Carmo jogando e sempre dizia a ele que um dia estaria lá dentro. Pouco tempo depois, BOOM! Tava lá treinando ao lado de Zé do Carmo.

Destaque nas peladas do Alto José Bonifácio, Maurício era o centroavante da escola pública Caio Pereira. Em um jogo amistoso contra o juvenil do Santa, marcou o gol da vitória do time da comunidade. O desempenho chamou a atenção da comissão técnica tricolor e dias depois ele já treinava na base do clube, onde não demorou a se destacar. Como já havia um Maurício no elenco, recebeu o apelido de Pantera.

– Tinham dois Maurícios, um branco e eu, negão. Aí começaram a me chamar de Pantera.

Em 1995 fez 24 gols pela base e iniciou a temporada de 1996 marcando quatro gols na Copa São Paulo de Futebol Júnior, foi artilheiro do time na competição e passou a treinar com os profissionais, promovido pelo então técnico Péricles Chamusca. Pantera fez alguns jogos, mas só veio a deslanchar com a chegada de Abel Braga, que substituiu Chamusca.

– Ali foi um pai pra mim. Me chamou, disse que ia me utilizar e que eu jogasse meu futebol sossegado.

Maurício faz parte de um pequeno grupo de Brasileiros que conseguem se reinserir no mercado de trabalho numa outra profissão, depois de anos atuando em outro setor.

– É o que quero fazer daqui para frente. Estou adaptado e feliz. O futebol me deu muitas alegrias e continuo alegre. Tenho que ser agradecido, pois não precisei pedir nada a ninguém. Meu futuro é nessa profissão, é daqui que tiro o sustento dos meus filhos. Entregar na mão de Deus e que seja para sempre.

Blog com Globoesporte