Só na memória: técnico recordista à frente de clube morre sem nome no Guinness
   11 de novembro de 2017   │     0:01  │  0

   Amadeu Teixeira faleceu nesta terça-feira (Foto: Esporte Arte)

 

“Narrativa de caráter maravilhoso, em que fatos históricos são deformados pela imaginação popular ou pela invenção poética. Frequentemente contêm um elemento real, mas às vezes são inverídicas”. Que fique claro que somente às vezes são inverídicas. O que aparece entre as aspas é a descrição da palavra “lenda” exposta no dicionário, mas também são especificações que talham a personalidade do icônico Amadeu Teixeira, morto às 21h40 (de Manaus) da última terça-feira, aos 91 anos, por falência múltipla de órgãos.

É impossível falar de Amadeu sem mencionar seus êxitos como profissional. Entre os anos de 1955 e 2006, ficou à frente da comissão técnica do América-AM. Podem até falar de Alex Fergunson, no Manchester United, ou outros Europa afora, mas nenhum deles foi tão longevo quanto o amazonense – apesar da falta de reconhecimento no guinness book. O curioso é que, nesse mais de meio século, Amadeu foi campeão estadual em apenas uma oportunidade: 1994. Os outros cinco títulos foram conquistados por Cláudio Coelho (1951 a 1954) e Sérgio Duarte (2009).

– Em 2009 e 2010, na campanha histórica da Série D do Brasileiro, seu Amadeu estava sempre presente. Anotava as coisas em sua prancheta, me cobrava bastante. Eu sempre aceitava. Minha família sempre teve um laço com Amadeu. Meus irmão foram criados no América, tiveram contato muito grande com a família Teixeira. Eu também tive essa sorte de ter esse contato – disse Sérgio Duarte, sucessor do ”nego velho” no comando.

Nascido no dia 30 de junho de 1926, o ícone descartou a infância por causa de seu amor pelo Mequinha. Aos 13, estava entre os fundadores, no dia 2 de agosto de 1939. E seguiu por ali. Foi massagista, fisioterapeuta, treinador e, nos últimos anos antes de o clube fechar as portas, presidente. É quase uma vida toda de aliança.

– Ele não era só um treinador, ele era um amigo, eu diria um paizão, porque ele pegava no ombro do jogador e ia conversando, formando homens. Esse é o maior legado que ele poderia deixar, além das conquistas, fora o cidadão que era – destacou, emocionado, o radialista Arnaldo Santos, outro que faz parte da “calçada da fama” do esporte local.

Batalhador até o último suspiro

Amadeu lutou contra a morte. Foram exatos dois meses de hospitalização – e instabilidade – até o suspiro final. Convenhamos que não poderia ser diferente. Era inimaginável que um batalhador como “Seu” Amadeu entregasse as fichas facilmente. Não o Amadeu que lutou com unhas e dentes pelo América-AM, clube que ajudou a fundar. Não o Amadeu que batalhou pela ascensão do futebol local sem o merecido reconhecimento internacional. Não o Amadeu.

O ícone, pelos olhos de qualquer um, não formou apenas jogadores, mas cidadãos. É como se ele não deixasse uma herança, mas fosse o próprio legado. São quatro filhos e uma Arena que a partir de hoje levam seu nome para a história.

Blog com Globoesporte