Universíade: gêmeos do levantamento de peso compartilham rotina e sonho olímpico
   27 de agosto de 2017   │     0:03  │  0

No levantamento de peso, cada atleta tem três chances de tentar superar suas marcas durante as competições, mas os árbitros brasileiros já sabem que, se o mesmo rosto aparecer seis vezes para erguer a barra, ele pertence aos gêmeos Gabriel e Rafael Fernandes, de 20 anos. Em seu primeiro ano como adultos no esporte, a dupla representou o Brasil na Universíade de Taipei e treina com um objetivo em comum: chegar à Olimpíada de Tóquio, em 2020.

O caminho até a capital japonesa é compartilhado entre os dois durante praticamente todo o dia. Atletas universitários, eles estudam educação física na mesma turma do Centro Universitário Estácio de Sá, treinam no Clube Recreativo Mineiro e moram sob o mesmo teto. A rotina só separa os dois quando estagiam em lugares diferentes, só que para fazer a mesma coisa: são instrutores em aulas de crossfit na capital mineira.

O único lugar em que não podem estar juntos é no pódio, e por isso decidiram disputar medalhas em categorias diferentes. Gabriel ficou na que permite pesar até 62kg, e Rafael subiu para a de até 69kg.

Com corpos geneticamente idênticos, os gêmeos são a prova de que cada categoria requer um tipo de preparação. Com 1,70m, Gabriel precisa manter uma dieta rígida para continuar na categoria de até 62kg, enquanto Rafael pode “comer de tudo” para competir com menos de 69kg. Para a altura deles, a categoria ideal, no entanto, é a de até 85kg, o que eles devem demorar a atingir.

“É um trabalho muito longo. De 62kg para 85kg é muito peso”, reconhece Gabriel.

Na Universíade, os dois não subiram ao pódio: Rafael foi o 15º de sua categoria, e Gabriel, o nono. O desempenho não desanimou os gêmeos, que talvez tenham que lidar ainda com um problema no sonho olímpico: a possibilidade de o Brasil levar apenas um atleta masculino para a olimpíada, o que vai depender dos resultados gerais do país nas próximas competições. Nesse caso, mesmo que estejam em categorias diferentes, Rafael e Gabriel voltarão a ser concorrentes no sonho que dividem diariamente.

“Se ele conquistar essa vaga, vai ser como se eu tivesse ido. E se eu for, sei que para ele vai ser como se fosse ele”, diz Gabriel, que concorda com o irmão de que eles também não devem se intimidar com a concorrência de atletas que já tiveram mais resultados.

“A mesma coisa que a gente tem eles têm, dois braços e duas pernas. Basta treinar e correr atrás dessa vaga”, afirma Rafael.

Blog com Agência Brasil