Filha de primeiro bicampeão olímpico do Brasil critica descaso com seu pai
   25 de julho de 2017   │     0:04  │  0

Resultado de imagem para Ademar ferreira

 

Em 23 de julho de 1952, as cerca de 70 mil pessoas que tomavam as arquibancadas do Estádio Olímpico de Helsinque, na Finlândia, presenciaram uma proeza histórica.

O brasileiro Adhemar Ferreira da Silva, (foto acima), então com 25 anos, havia obtido índice para a disputa final do salto triplo. Ele saltou seis vezes e bateu o recorde mundial em quatro delas. Marcou 16,05 m, depois 16,09 m, 16,12 m e, enfim, 16,22 m.

“Da Silva, Da Silva”, gritava o público, como registrou a jornalista Tânia Mara Siviero na biografia “Herói por Nós” (editora DBA).

O paulistano se tornou o primeiro campeão olímpico da história do atletismo no país. Antes dele, só Guilherme Paraense, do tiro, havia conseguido o ouro em uma edição dos Jogos, na Antuérpia (Bélgica), em 1920.

Depois de 65 anos da conquista em Helsinque, Adyel Silva, a filha única de Adhemar, afirma que o COB (Comitê Olímpico do Brasil) ignora a memória do seu pai.

Nascido em 29 de setembro de 1927, Adhemar completaria 90 anos daqui a dois meses. Apesar da efeméride, não há previsão de homenagens, de acordo com Adyel, 61.

O desapontamento da filha não vem de hoje. “É uma desfaçatez o país inaugurar aparelhos olímpicos [instalações esportivas dos Jogos de 2016] e não batizar nenhum com o nome do atleta que trouxe o segundo e o terceiro ouros olímpicos para o Brasil.”

A terceira medalha a que Adyel faz menção foi obtida em Melbourne, na Austrália, em 1956 (além de Helsinque e Melbourne, ele participou de Londres-1948 e Roma-1960, mas não chegou ao pódio nessas duas).

Ao longo do século 20, nenhum outro brasileiro igualou Adhemar como bicampeão olímpico. O feito só foi alcançado em Atenas-2004 pelos iatistas Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira e pelos jogadores de vôlei Giovanni e Maurício.

Adyel continua: “O Nuzman [Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB] deveria ser questionado: por que nada foi feito [em relação ao Adhemar]? Não sei, mas acho horroroso.”

O COB preferiu não responder diretamente às críticas dela, mas lembrou que há um prêmio que presta tributo ao atleta.

Blog com FOLHA DE SÃO PAULO