Com tumor no cérebro, Verônica Hipólito se despede da Rio 2016 com duas medalhas
   18 de setembro de 2016   │     0:02  │  0

Resultado de imagem para Verônica Hipólito
A brilhante brasileira Verônica Hipólito, um exemplo maravilhoso de força e competência, apesar do seu grave problema de saúde (Foto: folharj.com.br)

 

Nem em seus sonhos mais distantes a paulistana Verônica Hipólito se imaginaria com duas medalhas paralímpicas no peito em setembro deste ano. “Eu não esperava nem vir para os Jogos. No dia 20 de agosto do ano passado, eu estava passando por cirurgia. No dia 1º de setembro de 2015 eu devia estar chorando de dor. Agora, estou aqui comemorando”, vibra a carismática atleta, que encerrou sua participação nos Jogos do Rio com o bronze nos 400m T38, classe para pessoas com paralisia cerebral.

Verônica não esconde de ninguém todos os percalços que enfrentou até chegar à sua primeira Paralimpíada. Tanto é que ela menciona, como se fosse um detalhe irrelevante, que competiu em suas três provas com um tumor na cabeça – mais especificamente, na região da hipófise. “Não é nada demais. Eu já retirei uma vez e tratei com remédio na outra, então de repente posso ser medicada novamente. Eu não sei o tamanho em que ele está porque não tive tanto tempo para acompanhar esse tumor neste ano, infelizmente. Eu tinha até esquecido, na verdade. Foi só quando meu médico me mandou mensagem que lembrei que eu tinha um tumor na cabeça”, diz a corredora, que enfrenta o problema há oito anos.

Na última sexta-feira (9), Verônica já tinha ficado com a prata nos 100m de sua classe. No domingo (11), o susto: depois de disputar a final do salto em distância e chegar em oitavo lugar, ela sentiu fortes dores na perna esquerda, na panturrilha e na posterior de coxa, e teve que deixar o Engenhão carregada. “Para quem não estava conseguindo andar depois do salto, vir aqui, conseguir correr o 400m e ainda ficar com medalha é de grande valia. Eu não podia me dar o direito de dar menos que o meu melhor de novo.”

A última prova

“Eu senti logo no início, mas quando você está em uma final de 400m, na sua última prova, então, meu amigo, vai e seja feliz. Dê o seu melhor. E foi o que eu fiz. No meio da prova, pensei em acelerar mais para forçar para cima das meninas. No final, não deu tão certo assim. Elas estavam até brincando comigo que eu tentei quebrá-las, mas eu dei o meu melhor até o final. Agora que a adrenalina da prova está baixando, a minha panturrilha está voltando a doer um pouco. Mas a minha dor não é maior do que a minha felicidade.”

Lição

“Se alguém falar para vocês que algo é impossível, saiba que não é. Todo mundo fala o que você pode e o que você não pode, mas é você quem vai fazer. É você que decide a sua vida e você quem vai trabalhar por isso. Você não tem que se apegar ao seu AVC, ao seu tumor, à sua lesão, mas sim no que vem depois – o seu tratamento e sua cirurgia. Todo mundo tem problemas e só vocês sabem o que vocês estão sentindo. A dor é de vocês, mas não deixe a dor ser maior do que a solução. A solução é sempre maior e é isso que me faz estar aqui hoje.”

Blog com Agência Brasil