Homossexuais não gostaram das declarações do técnico da Itália
ROMA – O técnico da Itália, Marcello Lippi, disse que está no futebol há cerca de 40 anos e, neste tempo, nunca viu um jogador homossexual. O campeão mundial em 2006, entretanto, afirmou que não teria problemas em convocar um atleta gay para a seleção.
“Honestamente, creio que não há gays entre os jogadores de futebol. Em 40 anos, nunca conheci nenhum. Nenhuma das pessoas com que trabalhei neste tempo, em tantas equipes, chegou a fazer uma revelação do tipo”, declarou, segundo o jornal La Gazzetta dello Sport.
Lippi deixou claro não ter nenhum tipo de preconceito e falou que não excluiria um jogador homossexual de sua equipe. “Acredito que o mundo tenha somente uma raça, a humana. Por isso, não excluirei um gay nem um negro da seleção italiana”, destacou.
“Se algum jogador confessasse ser gay, lhe diria para viver por completo sua realidade, com inteligência, sem mudar sua atitude com os companheiros. Também iria sugerir que continuasse fiel à sua profissão e que poderia fazer o que quisesse na vida privada”, acrescentou.
O treinador admitiu que um jogador que se revelasse homossexual teria problemas para viver de forma natural no futebol. “Acho que seria difícil para um jogador homossexual viver sua carreira de forma natural, pelo jeito como é o futebol”.
O assunto vem recebendo destaque na imprensa italiana desde terça-feira, quando a revista “Chi” publicou declarações do zagueiro Fabio Cannavaro, que se disse contra o casamento gay.
Aurélio Mancuso, presidente da Associação Lésbica e Gay da Itália (Arcigay), se mostrou incomodado com o fato de Lippi negar a existência de homossexuais no futebol.
“Os homossexuais praticam todos os esportes, estão em todas as profissões, vivem dentro da sociedade como todos. Em um ambiente particularmente machista como o do futebol, são obrigados a se esconder ainda mais. Com isso, não mostram atitudes diferentes e os resultados são invisíveis para Lippi”, disse, em comunicado.
Na nota, Mancuso também fez um convite para uma manifestação em Gênova, durante os treinamentos da seleção, no próximo mês.
